sexta-feira, 24 de maio de 2019

Cantiga para não morrer

                   Autor: Ferreira Gullar

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.


sexta-feira, 17 de maio de 2019

O poeta


Um poeta é como um louco
Vive sentindo dia após dia
Uma dor cruel, triste e vadia,
E morre todo dia um pouco.

Talvez possa ser romântico
Talvez possa ser um maldito
Á uma moça berrar cânticos
Ou viver isolado, triste e aflito.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Um sonho

O lugar onde eu fui
Era de profunda escuridão
Pessoas iam, pessoas vinham,
E eu sei que pessoas vão.

Lá havia uma prisão
Era uma prisão ao ar livre,
Ficava em um buraco de lama,
Onde os presos caminhavam com dificuldade.

Tinha estradas de barro
Por onde um guia me levou,
Mostrando-me aquelas pessoas,
Que caminhavam por entre as plantas.

As plantas neste lugar
Cresciam na lama suja
E eram negras como ela
Aquelas plantas tinham folhas negras!

Lá havia muitos quartos vazios,
À beira da estrada
As paredes do quarto estavam cheias
De formigas que passeavam.

Nas paredes percebia-se gavetas,
E nelas letras e números
Em algumas havia imagens
Eram bonecas como de palha.

E uma coisa eu sei
Sobre aquele lugar
Lá jamais um dia
Eu quero voltar!


sexta-feira, 3 de maio de 2019

Tostão sertanejo

O Nordeste apesar da seca
Tem fartura de montão
Tem tudo quanto é de semente,
Num monte de plantação.

Tem mandioca para a farinha,
Para a roupa tem algodão,
Tem tudo quanto é legume,
Para a cozinheira botar no fogão.

Na caatinga tem beleza,
Feita por deus na natureza,
Que n'outro lugar não tem não.

Vou deixando aqui meus versos,
Simples e que exaltam meu sertão,
Versos singelos, mas de todo coração.